1º Colóquio sobre HUMANIDADES MÉDICAS/FAMED-UFC/UNIFOR

Sábado, 26 de outubro/2013, das 8h30 às 15h30
Local: Auditório da SOCEP (Sociedade Cearense de Pediatria. Rua Maria Tomásia, 701. Aldeota. Fone: 3261-5849)
O I Colóquio sobre Humanidades Médicas é um evento organizado pelo Grupo HumanAmigos de Humanidades Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará em parceria com a Universidade de Fortaleza (UNIFOR).
Participam também da iniciativa: o Núcleo de Ensino, Assistência e Pesquisa da Infância do Departamento de Saúde Materno-Infantil-FAMED/UFC; o Projeto de Vivência da Relação Médico-Paciente (PROVIMP); o Núcleo de Desenvolvimento da Educação Médica (NUDEM); Instituto da Primeira Infância (IPREDE) e o Núcleo de Tecnologias e Educação a Distância em Saúde (NUTEDS).
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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Provimp: curar, aliviar e consolar sempre

       “O médico tem que curar algumas vezes, aliviar muitas e consolar sempre”. É com base nesse ensinamento de Northnagel, que estudantes do curso de Medicina, da Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolvem o Projeto de Vivência na Integração Médico Paciente, o Provimp. A idéia surgiu quando o grupo cursava o primeiro semestre e realizou um estágio extra-curricular na Santa Casade Misericórdia.“Foi quando percebemos que a relação médico paciente não era eficaz”, afirma Ianna Lacerda  ex-participante do projeto.


Grupo atual do Provimp (2013)
      Das primeiras inquietações, em outubro de 1997, surgidas no contexto de um hospital voltado para o atendimento de pessoas carentes, o Provimp tomou forma até ser atualmente um projeto premiado. Em novembro do ano 1998, foi escolhido o melhor trabalho da área de Difusão Científica, durante o Encontro de Iniciação Científica da UFC - o que, no entanto, não fez aumentar o número de bolsas de pesquisa, que é de apenas uma. Já no ano de 1999, por ocasião do Encontro Científico dos Estudantes de Medicina, o projeto foi selecionado como o melhor Trabalho de Ensino Médico.
      Ianna e parte dos seus colegas de turma parecem ter vivido um divisor de águas, em suas vidas e carreiras, desde que resolveram fazer o estágio na Santa Casa. Na Clínica de Infectados do hospital, eles se depararam com uma realidade talvez crua demais para quem, felizmente, ainda tinha a capacidade de se emocionar com o sofrimento dos pacientes que se encontravam em tratamento.
     “As necessidades humanas dos pacientes carentes e que apresentavam quadros clínicos graves não eram correspondidas pelos médicos”, relembra Ianna, que a partir de então desenvolveu um interesse especial pelo que para muitos é um desastre, a relação médico-paciente. Das primeiras observações até a concretização do projeto não demorou muito. Após um período inicial de estudos, entre janeiro e março de 98, já a partir de abril, os estudantes deram início ao que veio a ser o Provimp.
     No decorrer do ano de 1999, realizaram quatro cursos de vivência na relação médico paciente, para acadêmicos do primeiro e segundo semestres. Apelidados de Projeto dos Curativos ou da Santa Casa, os estudantes sofreram e ainda enfrentam a resistência de alguns profissionais, médicos e professores, que ignoram a base social e humanitária que reveste o projeto. O apelido deve-se ao fato de que para manter uma relação mais íntima com o paciente, os estudantes faziam curativos nos mesmos.
     “Aquele foi o meio que encontramos para nos aproximarmos dos pacientes, para investigar a relação médico-paciente”, esclarece Ianna Lacerda, que a partir dos ensinamentos que vem tendo com os trabalhos realizados pelo grupo, afirma: “Se o médico escuta, o paciente já melhora, pois muitas doenças têm mais um fundo psicossomático do que orgânico”. Ao falar sobre as falhas médicas na relação com o paciente, ela destaca que a não disponibilidade de tempo para ouvir o paciente é uma das mais presentes.
     Os participantes do trabalho procuram ser discretos em suas críticas, pelo fato de correrem o risco de serem mal interpretados. Embora considere que o sistema é o maior responsável pela postura assumida pelos médicos, já que é assim que os ensina a lidar com seus pacientes, Ianna não desconsidera que muitos profissionais “não descem do seu pedestal e não têm empatia pelo paciente”, fazendo da medicina uma forma de ganhar status social.

Fonte: Diário do Nordeste-ESPECIAL PARA O CADERNO VIVA ,Milene Madeira (Fortaleza , Ceará Quinta-Feira, 16 de setembro de 1999)

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